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VÍDEO: CPI que mira padre Julio Lancelloti e o movimento A Craco Resiste causa revolta nas redes sociais

O padre da Arquidiocese de São Paulo desenvolve trabalhos sociais com pessoas em situação de rua distribuindo alimentos, roupas e itens de higiene pessoal

Por Priscila Tavares

05/01/2024 às 16h42

Recentemente uma proposta do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue ONGs que fazem trabalho social na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, especialmente o Padre Júlio Lancellotti e o movimento A Craco Resiste, causou revolta nas redes sociais.

Segundo o parlamentar, a comissão tem a finalidade de “investigar as Organizações Não Governamentais (ONGs) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”.

Ao todo, 23 parlamentares assinaram o documento sendo favoráveis à proposta, no entanto, após a repercussão quatro deles anunciaram que não vão mais apoiar a CPI.

Entre os nomes que haviam assinado e que não vão mais apoiar a investigação, está o vereador de São Paulo, Thammy Miranda (PL), que em uma transmissão ao vivo nas redes sociais com o padre Julio Lancellotti, nesta quinta-feira (4), disse que o requerimento assinado não cita o padre Júlio e que, se a CPI fosse para investigar o sacerdote, jamais teria assinado.

“Em nenhum momento foi citado o nome do senhor. Se tivesse sido me apresentado uma CPI ‘vamos investigar o padre Julio Lancelloti’ eu jamais teria assinado, porque o trabalho que o senhor faz e o trabalho que o senhor apresenta é o que faço hoje em dia, que é cuidar de gente”, disse Thammy em parte do vídeo.

Padre Julio Renato Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo( Foto: Reprodução/Instagram)

Quem é Julio Lancellotti?

Júlio Renato Lancellotti tem 75 anos e coordena a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo. Ele é pároco na Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, Zona Leste de São Paulo e diariamente distribui alimentos, roupas e itens de higiene pessoal para pessoas em situação de rua.

O padre, muito conhecido nas redes sociais, é um defensor dos direitos humanos. Em 2021, ele quebrou a marretadas blocos de paralelepípedos instalados em viadutos em São Paulo, cujo objetivo era impedir pessoas em situação de rua de se instalarem nos locais.

Seu nome virou lei, e em 2023 o Governo Federal regulamentou a Lei Padre Júlio Lancellotti, que proíbe a aporofobia (medo e rejeição aos pobres) por meio da “arquitetura hostil”.

Padre Júlio Lancellotti já foi tema de um discurso do Papa Francisco no Vaticano, que lhe chamou de ‘mensageiro de Deus’.

“Consegui fazer um telefonema a um idoso, sacerdote italiano, missionário da juventude no Brasil, mas sempre trabalhando com os excluídos, com os pobres e vive aquela velhice em paz, consumindo sua vida com os pobres. Esta é a nossa mãe Igreja, este é o mensageiro de Deus, que vai até as encruzilhadas das estradas”, disse Papa Francisco em seu discurso.

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