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Após escândalo no MEC, ministro Milton Ribeiro entrega carta de demissão a Bolsonaro; leia na íntegra

Milton Ribeiro é suspeito de dividir o comando do MEC com dois pastores acusados de cobrar propina de prefeitos em troca de liberar recursos na pasta

Por Jocivan Pinheiro

28/03/2022 às 17h25 • atualizado em 28/03/2022 às 17h30

Foto: Carolina Antunes/PR

Milton Ribeiro e o presidente Bolsonaro (Foto: Carolina Antunes/PR)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu exoneração do cargo, na tarde desta segunda-feira (28), durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto. Na ocasião, Ribeiro entregou uma carta de demissão ao presidente.

“Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais. Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois, depois de demonstrada minha inocência, estarei de volta, para ajudar meu país e o presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada”, escreveu o ministro em um trecho da carta.

Ribeiro está mergulhado em suspeitas de envolvimento em esquema de corrupção na sua pasta. Uma série de reportagens do Estadão apontou que o ministro dividiu o comando do MEC com dois pastores acusados de cobrar propina de prefeitos em troca de liberar recursos na pasta. O Estadão mostrou com vídeos, fotos e agendas que o ministro recebia prefeitos a pedido dos pastores em seu gabinete e participava de eventos organizados por eles.


VEJA TAMBÉM: Padre pede demissão de ministro da Educação após escândalo dentro do MEC


Leia a carta do ministro na íntegra

“Desde o dia 21 de março, minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas na mídia, foram levantadas suspeitas acerca da conduta de pessoas que possuíam proximidade com o Ministro da Educação.

Tenho plena convicção que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que uma pessoa, próxima a mim, poderia estar cometendo atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.

Eu mesmo, quando tive conhecimento de denúncia acerca desta pessoa, em agosto de 2021, encaminhei expediente à CGU para que a Controladoria pudesse apurar a situação narrada em duas denúncias recebidas em meu gabinete. Mais recentemente, solicitei à CGU que audite as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja dúvida sobre a lisura dos processos conduzido, bem como da ausência de poder decisório do ministro neste tipo de atividade.

Tenho três pilares que me guiam: Minha honra, minha família e meu país. Além disso, tenho todo respeito e gratidão ao Presidente (sic) Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação (sic) do Brasil.

Assim sendo, e levando-se em consideração os aspectos já citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do Governo Federal, que vem transformando este país por meio do compromisso firme da luta contra a corrupção.

Não quero deixar uma objeção sequer quanto ao meu comportamento, que sempre se baseou em pilares inquebrantáveis de honra, família e pátria. Meu afastamento do cargo de Ministro, a partir da minha exoneração, visa também deixar claro que quero, mais que ninguém, uma investigação completa e longe de qualquer dúvida acerca de tentativas deste Ministro de Estado de interferir nas investigações.

Tomo esta iniciativa com o coração partido, de um inocente que quer mostrar a todo o custo a verdade das coisas, porém que sabe que a verdade requer tempo. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Meu afastamento é única e exclusivamente decorrente de minha responsabilidade política, que exige de mim um senso de país maior que quaisquer sentimentos pessoais.

Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o Presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada.

Brasil acima de tudo!!! Deus acima de todos!!!”

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