VÍDEO: Comitê da ONU conclui que Moro foi parcial e que Lava Jato violou garantias e direitos de Lula
Na decisão, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas relembrou a cronologia do processo contra Lula e os atos de Moro enquanto juiz do caso. À época das investigações, Moro aprovou um pedido de procuradores para interceptar os telefones de Lula, de seus familiares e advogados
O Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou nesta quinta-feira (28), a conclusão do julgamento que aponta que o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial no julgamento dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo a decisão do Comitê da ONU, Lula também teve seus direitos políticos violados em 2018 após ter sido impedido de participar das eleições presidenciáveis naquele ano.
“Embora os Estados tenham o dever de investigar e processar os atos de corrupção e manter a população informada, especialmente em relação a um ex-chefe de Estado, tais ações devem ser conduzidas de forma justa e respeitar as garantias do devido processo legal”, disse o membro do Comitê da ONU Arif Bulkan, em um comunicado divulgado nesta quinta.
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Na decisão, o Comitê de Direitos Humanos da ONU relembrou a cronologia do processo contra Lula e os atos de Moro enquanto juiz do caso. À época das investigações, Moro aprovou um pedido de procuradores para interceptar os telefones de Lula, de seus familiares e advogados.
“Ele [Moro] também divulgou o conteúdo das gravações antes de instaurar formalmente as acusações. O juiz também emitiu um mandado de condução coercitiva para levar Lula a prestar depoimento. O mandado foi vazado à imprensa e, na sequência, fotografias de Lula foram tiradas pela mídia como se ele estivesse preso”, diz trecho do comunicado.
Para o Comitê, a conduta e outros atos públicos de Moro “violaram o direito de Lula a ser julgado por um tribunal imparcial; e que as ações e declarações públicas do ex-juiz Moro e dos procuradores violaram o direito de Lula à presunção de inocência”.
Em abril do ano passado, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato por 8 a 3, o que o tornou elegível. Em julho de 2017, Moro condenou Lula a nove anos de prisão. No ano seguinte, em janeiro, sua pena foi aumentada para 12 anos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
“Em abril de 2018, ele começou a cumprir sua pena com recursos ainda pendentes”, diz o comunicado do Comitê de Direitos Humanos da ONU.
“Embora o Supremo Tribunal Federal tenha anulado a condenação e prisão de Lula em 2021, essas decisões não foram suficientemente oportunas e efetivas para evitar ou reparar as violações”, comenta Bulkan, no comunicado.
O Comitê da ONU também considerou que as violações processuais apontadas no curso do processo tornaram “arbitrária a proibição a Lula de concorrer à presidência e, portanto, em violação de seus direitos políticos, incluindo seu direito de apresentar candidatura a eleições para cargos públicos”.
O órgão instou o Brasil a assegurar que quaisquer outros procedimentos criminais contra o petista cumpram com as garantias do devido processo legal, e a prevenir violações semelhantes no futuro.
O resultado do julgamento não deve acarretar punição específica a Moro, mas o Estado brasileiro tem a obrigação de seguir a recomendação do colegiado. O comitê é responsável por supervisionar o cumprimento do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é signatário.
O QUE DIZ O EX-JUIZ?
Sérgio Moro diz que o comitê se baseou em um “grande erro” do STF e relembra a condenação do petista por três instâncias.
“Após conhecer o teor do relatório de um Comitê da ONU e não dos órgãos centrais das Nações Unidas, pode-se perceber que suas conclusões foram extraídas da decisão do Supremo Tribunal Federal do ano passado, da 2ª turma da Corte, que anulou as condenações do ex-Presidente Lula”, diz trecho da nota.
“Considero a decisão do STF um grande erro judiciário e que infelizmente influenciou indevidamente o Comitê da ONU. De todo modo, nem mesmo o Comitê nega a corrupção na Petrobras ou afirma a inocência de Lula. Vale destacar que a condenação do ex-presidente Lula foi referendada por três instâncias do Judiciário e passou pelo crivo de nove magistrados. Também é possível constatar, no relatório do Comitê da ONU, robustos votos vencidos que não deixam dúvidas de que a minha atuação foi legítima na aplicação da lei, no combate à corrupção e que não houve qualquer tipo de perseguição política”, completa Moro.
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