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No Dia dos Pais, professor faz alerta sobre jogos de azar na internet: “Querido pai, não é só um joguinho!”

Em um texto com dados precisos e com base em pesquisas, o docente lembra as famílias que os tais jogos têm afetado mentalmente a crianças e adolescentes

Por Luiz Adriano

11/08/2024 às 12h22 • atualizado em 11/08/2024 às 12h30

Imagem ilustrativa - reprodução/Pixabay

O professor universitário João Paulo de Oliveira, da cidade de Cajazeiras, fez um alerta aos pais, em pleno Dia dos Pais. Em um texto com dados precisos e com base em pesquisas, o docente intitulou: “CARTA AOS PAIS: NÃO É SÓ UM JOGUINHO”. O foco, segundo ele, é alertar as famílias quanto a jogos de azar na internet que têm afetado mentalmente a crianças e adolescentes.

“A cada dia, somos inundados por uma avalanche de publicidade de jogos de azar, especialmente os populares jogos dos ‘bichinhos’. O objetivo por trás dessa intensa campanha é manipular a percepção do público e, principalmente, das crianças e adolescentes, minimizando os riscos inerentes às apostas e criando a falsa impressão de controle sobre o jogo. Como resultado, as apostas têm se disseminado rapidamente, especialmente entre os mais jovens”, relata o professor.

Ele explica que “a falta de dados sobre os impactos dos jogos de azar no Brasil é preocupante”, mas reforça que o problema é de nível mundial.

Em seu texto, João Paulo fala de um estudo da UNICEF – “A Study of Adolescents’ Knowledge, Attitude and Practise to Gambling” – que revela uma alta adesão de jovens às apostas.

“É alarmante constatar que 22% dos adolescentes entrevistados iniciaram esse hábito aos 11 anos ou menos, e a maioria (78%) começou aos 12 anos ou mais. Além disso, 46% desses jovens escondem de seus pais sobre as apostas, dificultando a prevenção e o tratamento do vício nessa faixa etária. Outro estudo do Canadá, revela que entre 60% e 80% dos estudantes de ensino médio já fizeram algum tipo de aposta, e entre 4% e 6% se consideram apostadores compulsivos”, conta o professor.

LUDOPATIA

O docente enfatiza a gravidade do vício e reforça que trata-se de algo semelhante a pessoas que são viciadas em entorpecentes.

“O vício em jogos de azar é um elefante na sala. É hora de reconhecer a gravidade desse problema e tratá-lo com a mesma seriedade que damos ao álcool, tabaco e outras drogas. A dependência em jogos de azar, ou ludopatia, é um problema de saúde pública tão grave quanto o vício em outras substâncias. A liberação de dopamina no cérebro, comum a todos esses vícios, leva à compulsão e pode causar sérios danos à saúde física e mental”, pontua.

“A epidemia de ludopatia, um vício silencioso, assola milhares de jovens diariamente. Sem deixar marcas visíveis, essa dependência por jogos de azar leva muitos à ruína financeira e, em casos extremos, ao suicídio por conta das dívidas impagáveis. Se nada for feito, as consequências desse vício irão além do indivíduo, afetarão famílias e comunidades inteiras”, acrescentou João Paulo.

PREVENÇÃO

A prevenção da ludopatia, segundo o docente, “exige uma ação conjunta de pais, escolas, governo e indústria”.

“É fundamental educar os jovens sobre os riscos do vício em jogos de azar, implementar políticas públicas que restrinjam o acesso e, principalmente, a divulgação desses jogos a menores, bem como, oferecer tratamento especializado aos viciados”, destaca o professor que lembra ainda a grande responsabilidade dos pais neste sentido.

“Além disso, os pais devem acompanhar de perto a vida online dos filhos e as escolas devem incluir a prevenção da ludopatia em seus programas educativos. A tecnologia pode ser uma aliada nessa luta, com o desenvolvimento de ferramentas de controle parental e aplicativos que ajudam a monitorar o tempo de uso de dispositivos eletrônicos”, conclui fechando o texto com a deixa do alerta que não se trata apenas de uma mera publicidade: “Querido pai, não é só um joguinho!”.

Arte: divulgação

PROFESSOR JOÃO PAULO

João Paulo de Oliveira é professor de Computação, Algoritmo e Gestão da Inovação. É Mestre em informática pela UFPB e Pós-graduado em docência do ensino superior e em Gestão Estratégica (FGV). Tem experiência na área de ciência da computação, atuando nos eixos de pensamento computacional, cidadania digital, tecnologias educacionais, design thinking e metodologias ativas.

Ganhador do prêmio Educador Transformador do ensino superior na Paraíba em 2024 pelo Instituto Significare e Sebrae, bem como, ganhador do Prêmio Cidadania Digital 2023 realizado pela Safernet Brasil e Governo do Reino Unido.

Atualmente ensina no IFPB – Campus de Cajazeiras e na UNFSM (Centro Universitário Santa Maria, também em Cajazeiras.

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