VÍDEO: Médica diz que veterinária na coordenação de Medicina na UFCG-Cajazeiras é irregular; coordenadora nega
Dra. Vanessa Rolim afirmou que atualmente o cargo é exercido por uma médica veterinária, contrariando a Lei do Ato Médico. A coordenadora Fabíola Jundurian Bolonha se defendeu e destacou sua experiência com a docência no curso
Em entrevista ao programa Olho Vivo da Rede Diário do Sertão, a médica e professora Dra. Vanessa Rolim denunciou que o curso de Medicina do Campus da UFCG em Cajazeiras estaria sendo coordenado de forma irregular porque a atual coordenadora, a professora doutora Fabíola Jundurian Bolonha, é formada em Medicina Veterinária. Segundo Dra. Vanessa, o curso vem sendo coordenado irregularmente há pelo menos dez anos, pois a última coordenadora formada em Medicina foi ela própria, entre 2014 e 2015.
Dra. Vanessa recordou que a Lei do Ato Médico restringe ao profissional formado em Medicina a competência privativa para coordenar cursos de Medicina. Por essa razão, ela afirmou que a atual coordenadora estaria exercendo o cargo irregularmente – por ser médica veterinária – e sugeriu que isso teria impactado negativamente na última avaliação do curso pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), vinculado ao MEC (Ministério da Educação).
“Aparentemente, houve uma redução da nota em relação à coordenação, porque a coordenação em si tirou uma nota três nessa avaliação do curso. Então, se a gente tirou uma nota 4.4 de média, essa avaliação da coordenação puxou para baixo a nota”, falou Dra. Vanessa no programa Olho Vivo.
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De acordo com o Art. 5º da Lei Nº 12.842/2013, que dispõe sobre o exercício da medicina, é privativo de médico “coordenação dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos para médicos”.
“Isso é um problema e precisa ser corrigido. Existe uma lei federal, que é a Lei do Ato Médico, em que o coordenador de curso de Medicina precisa ser médico. Então, a gente está com exercício ilegal da medicina dentro do curso de Medicina da UFCG Cajazeiras. Ao meu ver, isso é algo muito grave”, completou a médica.
Coordenadora do curso de Medicina da UFCG de Cajazeiras nega que esteja irregular no cargo por ser médica veterinária
A professora doutora Fabíola Jundurian Bolonha negou que esteja no cargo de coordenadora do curso de Medicina da UFCG de Cajazeiras de forma irregular por ser médica veterinária. Em entrevista também ao programa Olho Vivo, nesta segunda-feira (17), ela respondeu às declarações feitas por Dra. Vanessa Rolim.
Para Fabíola, não se deve reduzir a discussão apenas ao fato de ela ser médica veterinária, pois isso tira o mérito da sua formação acadêmica no campo da docência e da sua trajetória até a universidade. Mineira de Guaxupé, a professora atua na educação há cerca de 20 anos e está há 15 anos concursada na Unidade Acadêmica de Ciências da Vida, no Campus da UFCG-Cajazeiras.
Ela é bacharel em Medicina Veterinária; possui mestrado em Biologia Celular e Tecidual pela USP; fez doutorado em Educação pela UFS (Universidade Federal de Sergipe); aperfeiçoamento em Processos Educacionais em Saúde pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; especialização em Processos Educacionais em Saúde; e foi facilitadora de ensino de médicos preceptores em residência médica pelo SUS na cidade de Patos, no Sertão paraibano.
“Isso foi um divisor de águas na minha vida porque, a partir disso, eu me encantei e foi o tema para minha tese de doutorado. Eu sou doutora em Educação, e a minha tese é o estudo do projeto pedagógico do curso de Medicina da UFCG daqui de Cajazeiras, e a minha pesquisa é toda em cima de análise curricular a partir da perspectiva pós-crítica em educação, voltada para educação e saúde. Eu mudei o meu perfil, eu me reinventei dentro de uma carreira docente, dentro de uma pesquisa científica, de publicações científicas, todas direcionadas para o curso de Medicina no qual eu atuo”, relata a professora.
Eleição com chapa única
Fabíola conta que na última eleição para a coordenação do curso de Medicina da UFCG-Cajazeiras, apenas a chapa dela se inscreveu. Além disso, segundo ela, há cerca de dez anos nenhum(a) professor(a) formado(a) em Medicina teve interesse em se inscrever para coordenar o curso.
“Por ter esse perfil direcionado ao estudo meticuloso dentro da dimensão pedagógica e curricular, eu fui convidada a compor a chapa do último edital de eleição. Não houve outra chapa inscrita e não houve nenhuma manifestação de algum docente formado em Medicina em compor com a gente ou uma outra chapa para concorrer, e isso vem acontecendo sucessivamente.”
Avaliação do curso não foi afetada
Fabíola confirma que, pela Lei do Ato Médico, são profissionais formados em Medicina que devem coordenar o respectivo curso. No entanto, ela ressalta que o próprio INEP compreende as diferentes realidades em cada universidade e localidade do Brasil. “E quando não tem, a gente espera que num passe de mágica as coisas se resolvam?”, questiona.
Contudo, a professora garante que o fato de um coordenador não ser formado em Medicina não influencia na avaliação do curso. Atualmente, o curso de Medicina do Campus de Cajazeiras da UFCG tem conceito 4 (nota 4.4).
“Na página do e-MEC [Sistema de Regulação do Ensino Superior] tem todas as ferramentas de avaliação que a comissão do INEP usa para avaliar um curso. Nenhum indicador pontua a formação acadêmica do coordenador. Então, em momento algum, o fato de eu ser graduada em veterinária deprecia, diminui, impacta de forma negativa, até porque quem está ali coordenando o curso – que não é sozinha – é a professora doutora Fabíola. Quem está ali tem perfil para estar fazendo isso”, enfatizou Fabíola.
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