CPMI do golpe convoca hacker Delgatti e mais quatro pessoas
Requerimentos foram aprovados por acordo pelo colegiado
O hacker Walter Delgatti Neto foi convocado nesta quinta-feira (03) para depor à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Delgatti foi preso ontem na operação da Polícia Federal (PF) que investiga a suposta invasão de sistemas eletrônicos do judiciário.
Os seis requerimentos apresentados para convoca-lo foram apresentados após a prisão do suspeito pela PF.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que esse depoimento é importante para “esclarecer como a deputada Carla Zambelli [PL-SP] atuou de modo a questionar a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro nas eleições de 2022”.
Zambelli é suspeita de pagar Delgatti para que ele invadisse o sistema do judiciário.
A parlamentar nega a acusação.
O colegiado aprovou ainda a convocação de outros quatro depoentes: o fotógrafo da agência de notícias Reuters Adriano Machado; a tenente-coronel da Polícia Militar (PM) Cíntia Queiroz de Castro, que é subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança do Distrito Federal; a policial militar Marcela da Silva Morais Pinno, promovida por “atos de bravura” ao tentar impedir os ataques de 8 de janeiro aos prédios dos Três Poderes; e o sargento do exército Luís Marcos dos Reis, preso na operação que investigou a suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As convocações foram aprovadas por acordo.
Isso porque o presidente da CPMII deputado Arthur Maia (União-BA) estabeleceu que requerimentos só fossem votados se apresentados com 48 horas de antecedência.
Como alguns foram apresentados ontem, Maia decidiu que “só podemos aprovar pauta por acordo porque é uma pauta extemporânea”, explicou.
Apesar do acordo, alguns parlamentares se manifestaram contrários à convocação do fotógrafo da Reuters Adriano Machado, que cobriu a invasão do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) ponderou sobre a convocação do fotojornalista.
“Não é um problema querer ouvi-lo, mas é uma questão de princípio em relação à questão de liberdade de imprensa”, explicou.
Oito parlamentares da oposição pediram a convocação do fotojornalista, que teve o nome incluído na votação por meio do acordo com os parlamentares ligados à base governista.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sugere, no requerimento, que o profissional de imprensa teria combinado as fotos com os invasores.
A CPMI ainda rejeitou, por 19 votos contra 12, dois requerimentos de convocação apresentados pela oposição.
Os parlamentares queriam interrogar o coronel Sandro Augusto Salles Queiroz, então comandante da Força Nacional no dia da invasão; e Tomás de Almeida Vianna, substituto eventual do Diretor de Inteligência do Ministério da Justiça.
O senador Eduardo Girão (NOVO-CE) apelou à Comissão para convocar o comandante da Força Nacional.
“Ela foi chamada para defender o patrimônio público, essa é uma das características desse batalhão. E a gente precisa saber onde é que ela estava, onde ela foi posicionada”, justificou.
Para deputada Jandira Fegalhi (PCdoB-RJ), essa não era a hora de ouvir o representante da Força Nacional, o que poderia tirar o foco da investigação.
“Nós precisamos ter as informações para fazer a inquirição. Senão, o depoente chega aqui e o que ele fala é verdade, a gente não tem como contrapor”, justificou.
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